terça-feira, 26 de outubro de 2010

Boneca inflável

Entenda que quando ela está aqui, é para dizer exatamente aquilo que você não escuta, ou não a deixa falar.
E explicar o contrário daquilo que você insiste em entender.

Quando você pediu para Deus, se lembrou de colocar o número que gostaria que ela calçasse?
Pois ela poderia ter um pé enorme para lançar contra a sua bunda!
Então não seria melhor ter se garantido nessa?

Ela tinha que ser tanto, tanto, tanto para ti...
Mas você não teria que ser nada???

Ou você não pensou que ela também fazia orações enquanto ainda os seus caminhos não haviam se cruzado.
Ingenuidade sua achar que de QUALQUER maneira poderia calcular tal encontro e os sentimentos pós orações.

Sim, pois no fim é tudo como a vontade d’Ele...

Ela também fez pedidos... e se Deus não entendeu errado, além de amá-la ela queria alguém amável.
Sim... alguém que ela pudesse amar! E ponto!
Ambos se amando e correndo atrás do resto.
Simples assim!

Mas você queria alguém sem passado, sem sonhos, sem vontades.
Não poderia ter amigos e se já não mais tivesse família, seria um ponto positivo.
Ela deveria não falar nada que não lhe agradasse.
Não poderia emitir nenhuma opinião!
Não poderia olhar para os lados, nem para ninguém. Nem para as vitrines.
Não poderia ir a lugar algum sem que você a conduzisse, aprovasse ou soubesse.
Deveria ser de borracha, estar sempre disposta, maquiada e não ter defeitos.

Então ela concluiu que você havia pedido para Deus uma boneca inflável.

E assim ela foi embora, continuou suas orações, e lhe enviou um sedex com a mulher dos seus sonhos.
E para quem se interessar, a mulher dos sonhos (de alguns...) até que custa barato!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Preencher o vazio

Outro dia li que a gente pode andar de montanha russa de olhos fechados... quando a gente tem alguém em quem confia pra apertar a nossa mão.
E quando não tem?
Ainda mais alguém como eu que morre de medo de altura.

E eu não gosto desse rumo que minha vida tomou nos últimos 3 anos... uma vida incerta. Uma vida de esperanças, de esperar, de projetar, de planejar.

Os dias foram formados por tudo aquilo que não sonhei, então numa bela tarde de domingo decidi viver um dia de cada vez. Mas me incomoda.
Porque eu quero ter planos... quero buscá-los, quero poder dizer que concretizei meus sonhos, alcancei meus objetivos...
Gosto de pensar em nomes para os filhos, decoração do quarto, a cor que vou pintar a parede de fora... o tom que vou colocar as cortinas, o espaço que vou reservar para o cachorro, e os livros que vou ler enquanto dorme ao meu lado.
Não quero viver um vazio!

Você tem sido esse vazio. Que eu tenho vivido intensamente tentando preencher de alguma coisa.

O que eu tiro de mim para preencher você, faz com que eu perca muito mais do que aquilo você ganha.
Minhas virtudes, meus valores, tudo aquilo que acredito, tudo aquilo que sonho... é muito pra mim, e nada pra você.

Então tem sido em vão... entende?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Certeza que dói


e o pior é que eu sei que vou sobreviver...
antes não soubesse...
ou não sobrevivesse...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Assumi!

Eu descobri defeitos que eu não tinha. Pecados que não cometia. E ao mesmo tempo qualidades, virtudes e valores valiosos que não percebia. O tempo passou... é verdade!

Me descobri mulher, bem resolvida e decidida.

Com um pouco de dificuldade talvez em conjugar estes verbos, mas ciente que certas manhas sempre foram propositais, tanto quanto calculadas.

Hoje sei que posso me permitir, pois sou exatamente o que eu sempre quis ser.

Com todos os defeitos que tenho direito.
Com todos dos excessos, faltas e falhas.

Ninguém aprende acertando... então sem meus erros, quem eu seria hoje?

Estou feliz, e assim vejo que sou feliz.

Pois a felicidade não pode estar em nada que esteja fora de nós.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tudo por nós...


Num relacionamento acredito você tem que ter a certeza que fez tudo o que poderia ter feito para dar certo. Mesmo que não dê, no final você vai saber que fez a sua parte e por mais que ainda haja amor, você não vai sofrer a culpa...

Por que em alguns casos em certos aspectos o relacionamento é bom... e pensar que não foi completamente bom por algo que deixamos de fazer dá a sensação de desperdiçar uma oportunidade...

E eu não quero perder mais nada...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Luz no fim do túnel...


As coisas erradas me invadiram justamente quando eu fiz questão de esquecer tudo que era certo. E então tomaram conta da pouca sanidade e sobriedade que ainda restavam em mim.

Tentando não sentir dor, eu quase enlouqueci naquele tempo. Tomei uma “superdosagem” dele e perdi o controle total (que eu achava que tinha) e me vi no chão... rastejando! Ainda assim achei que pudesse ir embora, chegar a atravessar todas aquelas portas. Só que eu estava tão cansada e doente por viver uma mentira, que por tudo eu desejei morrer.
E não morria.

E então só poderia mesmo ter um anjo muito misericordioso e bom olhando por mim, e mesmo diante de toda sujeira, todos os meus pecados, e tanto sangue que eu havia derramado e arrancado de outros, me deixavam imunda, ele me enxergou... e sarou todas as minhas feridas e limpou a minha alma.

Assim como nunca pedi, eu nunca quis acreditar... e é realmente incrível como num instante você muda o cenário e os seus olhos finalmente conseguem ver uma luz no fim do túnel. É indescritível poder soltar as amarras, quebrar as correntes, caminhar com seus pés, mesmo que cansados, e chega o momento que você sabe que vai dar certo... que você não voltará para aquela prisão, nem mesmo aquela que você carrega em sua mente.

Hoje eu sinto que posso orar pelos corações desesperados, e dizer que isso vai passar... deixe passar!

Aquela última tentativa foi realmente um adeus.
Nem eu esperava, mas é fato que não se pode voar tão alto quanto eu voei com minhas asas quebradas.
A vida não é um destino. É uma jornada onde você escolhe como seguir. E você deve simplesmente seguir, já que não posso dizer nem o que o amanhã me reserva.

Antes de se levantar, caminhar e correr, é preciso aprender a engatinhar...
E olha que há tão pouco tempo eu não pude escutar essas palavras...

É porque eu estava só tentando sobreviver, superar para ficar com a vida e ter uma história.
E hoje, quero que saiba que a luz no fim do túnel, é você.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Minha vida nas mãos de Deus


Em gestos e orações burras, tentei mostrar pra Deus que a minha vontade poderia ser a Dele... e não ao contrário.
Estranho isso.
Mas mesmo assim continuei a dormir sem orar, sem confidenciar que no meu íntimo eu queria mudar de vida, sair daquela prisão. A gente nunca sabe se é, na verdade, mas eu não queria mais descobrir.
Mas burrice minha achar que Deus não saberia exatamente o compasso que meu coração batia.
Acontece que pra mim eu não saberia viver de outro jeito, e eu não sabia de nada...
Naquele dia entreguei meu coração e minha vida em Suas mãos, ele me deu você...
Que me fez descobrir que eu poderia sorrir de novo, ser feliz e encontrar em mim algo que eu achei que teria morrido.
Não vou dizer que não tenho medo...
mas o amor não é previsível... e é isso mesmo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Esperança...


Ela sabia quem ele era. Sabia que não seria fácil e ainda assim se arriscou.
"- Ele não vai mudar..." clichê.
Ele gosta de confusão, de problemas, de intrigas. Mesmo que pra isso tenha que inventá-las.
Coisa que ela notou bem rapidamente, aliás.
Pena? Ele nunca vai sentir isso dela.
Acho que ela gosta. Não acredito que alguém se submeta ao que ela faz por simplesmente amar.
Porque ela o amaria se ele só dá motivos pra odiar? Deve ter um “que” de masoquista.
O mundo ta aí, e ela quer ficar com ele, tentando mudá-lo, tentando salvá-lo???

Ela deveria fazer trabalho voluntário.
A recompensa seria maior para alguém que como ela, sempre acredita no impossível.

sábado, 24 de julho de 2010

Driblando "quase" todas as armadilhas


É curioso observar como às vezes nos pegamos fazendo algo que jamais imaginamos fazer, simplesmente porque isto vai de encontro a tudo que você acredita, deseja, sonha vê no seu futuro.

Mas esse negócio de futuro, destino, amanhã... é tão incerto, tão fora do nosso controle, que aceito as armadilhas.

Me considero suficientemente esperta para driblar quase todas elas. Menos a quase pior das armadilhas, que é o amor... (pior que ela, só o que vem depois de tudo, que é encanto inicial... mas esta também já estou quase vacinada!).

Me pego sendo calculista, estrategista, gosto de comandar as coisas, controlar e estar ciente de tudo. Tudo bem, às vezes enfio os pés pelas mãos, perco as estribeiras, me engano, erro, julgo, e confesso... Mas não abro mão de estar ciente de tudo... especialmente se vão (ou provavelmente) surtir algum efeito em mim.

E no amor isso não existe...

A gente pode até tentar controlar aquele brilho no olhar, o suar frio das mãos, o frio na barriga com o suspiro no pé do ouvido... mas dentro da gente é impossível enganar... o coração não bate, capota.

A gente sabe exatamente o que o outro nos causa... mas nega, nega pra si mesmo na tentativa de fugir de tudo aquilo, mesmo que seja tão bom... E nisso, se perde. Cria um espetáculo inteiro para demonstrar algo (ou nada) para o outro, e com o tempo aquele texto todo se configura como “farsa de início de relacionamento”.

Cansada destes clichês, e principalmente os pós decepção, friamente calculados, meus movimentos todos NÃO são para demonstrar que eu tenho medo de me envolver, de gostar, de me apaixonar... sem ao menos ter dado tempo de cicatrizar as feridas de um passado não tão distante...

São para demonstrar que eu não vou, não quero e não tenho mais forças para me machucar novamente. Isso cansa, dá um trabalho danado e eu francamente, não tenho tempo mais para isso... nem dentro do meus contos de fadas. Até as princesinhas das minhas histórias estão a fim de alguém para somar, continuar, para “viver felizes para sempre”.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Relato de um homem


"Tudo bem, queremos meninas legais, sexy, taradas, bonitas, inteligentes e boazinhas. Muito fácil falar, pois quando aparece uma assim, de bandeja, a primeira coisa que a gente pensa, é: - Oba! me dei bem. Ficamos com elas, uma vez, duas. Começamos a pensar que essa é a mulher que nossa mãe gostaria de ter como nora. Se sair um namoro, vai ser uma relação estável. Você vai buscá-la na faculdade, vocês vão ao cinema, num barzinho, vai ter sexo toda a semana, tudo básico, até virar uma rotina sem graça.

Aí tu começas a olhar os caras bem vestidos e bem humorados, indo pra noite pra arrasar com a mulherada e vai morrer de inveja. Vai sentir falta de dar aquelas cantadas infalíveis na noite, falta de dar umas olhadas para uma gata, ou de dar aquela dançadinha mais provocativa na pista. Você pensa: - “Acho que não estou pronto pra isso, para me enclausurar pro resto da vida nesse namoro”. E a boa menina se transforma numa mala, e ao poucos vai surgindo um nojo dela, uma aversão. Quando você vê o nome dela no celular, nem dá vontade de atender…

JÁ ERA!!! Daí aquela promessa de vida estável vai por água abaixo, se a menina não se dá conta, a gente começa a ser grosso, muito grosso. E a pobre da menina pensa: - “O que foi que eu fiz?” Coitada, ela não fez nada, a culpa é nossa mesmo.

Aí, a gente volta pra nossa vidinha, que a gente odiava até semanas atrás. A gente não vê a hora de sair e arrasar na noite, ou pegar aquela mulher gostosona que sempre quisemos (mas que na verdade não passa de uma piranha). Grande ilusão, você chega em casa depois da balada, sozinho e fica tentando descobrir por que você não está satisfeito. De repente foi porque a menina da night, a linda, gostosa, misteriosa, ficou contigo, passou a mão, rolou algo mais, mas nem se quer pediu teu telefone… FRUSTRAÇÃO!

Daí, por mais que você não queira, você pensa na sua menina boazinha que você deixou pra trás… Ela podia ter seus defeitos, mas era uma menina legal, que ficaria ao meu lado me dando valor. Enquanto isso, a boa menina chateada, lesada, custa a entender o que ela fez pra te ter afastado dela, daí essa dúvida, vira angústia que vira raiva. Daí, a menina manda tudo PUTA QUE PARIU! Não quer mais saber de nada, só quer sair beijando muitos caras. Resolve não se envolver mais, pra não sair lesada, chutada ou chateada.

Muito bem, acabamos de criar uma MONSTRA!

O tempo passa e a gente continua na mesma, volta a reclamar da vida e das mulheres. Elas só querem as coisas com homens cachorros e não estão nem aí pra nós… Ou será que nós é que fomos os cachorros?? Elas estão assim por culpa nossa. A mulher da night de hoje, era a boa menina de outro homem ontem e assim sucessivamente. Provavelmente, essa nossa ex namorada, boa menina, deve estar enlouquecendo a cabeça de outro homem por aí, e eu a perdi para sempre, ela virou uma mulher enlouquecedora e eu a encontrei na balada (mais linda do que nunca) e ela???!! NEM OLHOU PRA MIM!!!"

(DESCONHEÇO A AUTORIA)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Hole In My Soul...

Buraco Na Minha Alma

Estou seguindo uma rua de mão única
Com uma hospedagem de uma noite, e uma ideia fixa na cabeça
Andando numa terra sem dono
(O castigo as vezes não parece ser justo ao crime)

É tem um buraco em minha alma
Mas uma coisa eu aprendi
Para cada carta de amor escrita
Existe outra queimada
(Então você me diz como será desta vez)


Acabou, acabou?
Pois estou soprando a chama

De uma volta fora da sua cabeça
Me diga como se sente sendo a pessoa que gira a faca dentro de mim
Dê uma olhada e vai descobrir que não há nada lá garota
Sim eu juro, estou te dizendo garota, é pois
Tem um buraco em minha alma que esta me matando há tempos
É um lugar onde um jardim nunca cresce

Tem um buraco em minha alma, sim eu deveria conhecer melhor
Pois seu amor é como um espinho sem uma rosa

Estou seco como uma estiagem de sete anos
Minhas lágrimas viraram poeira
E estou totalmente vazio
(As vezes me sinto quebrado e não posso ser consertado)

Sei que já teve todos os tipos de sapatos debaixo da sua cama
Agora eu durmo com minhas botas mas você ainda está na minha cabeça
(E algo me diz que desta vez é minha última chance)

Pois se acabou, então acabou
E isso está me deixando louco

De uma volta fora da sua cabeça
Me diga como se sente sendo a pessoa que gira a faca dentro de mim
Dê uma olhada e vai descobrir que não há nada lá garota
Sim eu juro, estou te dizendo garota, é pois
Tem um buraco em minha alma que esta me matando há tempos
É um lugar onde um jardim nunca cresce

Tem um buraco em minha alma, sim eu deveria conhecer melhor
Pois seu amor é como um espinho sem uma rosa

Se acabou, acabou
Pois estou soprando a chama

De uma volta fora da sua cabeça
Me diga como se sente sendo a pessoa que gira a faca dentro de mim
Dê uma olhada e vai descobrir
Que não há nada lá garota eu juro
Estou te dizendo garota, é pois
Tem um buraco em minha alma que esta me matando há tempos
É um lugar onde um jardim nunca cresce

Tem um buraco em minha alma, sim eu deveria conhecer melhor
Pois seu amor é como um espinho sem uma rosa
 
 
Hole In My Soul - Aerosmith
http://www.youtube.com/watch?v=Nj5CY94s8mU

domingo, 18 de julho de 2010

Difícil...

Hoje acordei me lembrando do quanto a gente já se amou. Do quanto fomos felizes e do quanto eu pude ser sua... só sua! Completamente sua. E eu nunca fui "TÃO" de alguém como fui... como sou sua!

É difícil pensar em recomeçar. É difícil confiar em outros sorrisos, em outras mãos, em outros abraços, em outros colos... porque vc sempre me deu o colo perfeito. Enxugou minhas lágrimas, riu das coisas mais sem graças comigo, me deu a mão, um beijo na testa e me disse que tudo ia ficar bem.
E as coisas não estão bem...

Foi uma saudade inexplicável... sem saída, sem esperança.
Porque eu sempre senti saudade e sabia que ia matá-la logo no dia seguinte, no instante seguinte... logo logo.
E eu me arrependi de ter mandado você embora, porque agora sinto que a culpa por essa minha dor, é minha! Só minha.

E tanta gente me disse que isso daria certo.
Mas quão certo é escolher sofrer agora, ou TALVEZ sofrer mais a frente?
Não que eu tenha escutado nada do que me disseram, senão eu nunca teria me aconchegado em seu abraço. Mas eu tinha o controle das coisas... eu ia embora, e quando eu voltava, você estava lá...
Me dizendo que sentiu minha falta “só um pouquinho, rsrsrsrs”, me dizendo que queria me ver bem...

E eu não te disse que quando eu não estivesse bem, era para você esquecer a parte mais enfática do “nunca mais quero ver você”.
Porque isso não seria assim tão sério, em dias como hoje em que a saudade de você grita dentro de mim, em silêncio, claro... porque seria triste e vergonhoso dizer que essa opção foi minha...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Promessas...


Não acredito em promessas porque inevitavelmente podemos não querer mais cumpri-las amanhã... ou daqui a um segundo...

O ser humano é suscetível a mudanças, e repentinas, as vezes... então eu associo “promessa” a mentira.

O quadro atual, a vontade do momento, o sentimento daquele instante, não podem servir como base para um futuro que você não sabe como vai ser, se vai ter.

O marido casa, promete ser fiel, amar e respeitar... e tals...
Por qualquer motivo, conhece outra pessoa, se apaixona, se envolve... e a tal promessa, aonde vai parar?
Sei exatamente: na boca da esposa que o acusa!
Fora os safadões de plantão, o cara não escolheu deixar de amar a esposa com quem casou...
E o fato de não cumprir uma promessa, não está relacionado ao julgamento de certo e errado.
Logo, “parece” que mentiu.

(É um ponto de vista meu)

As promessas estão sempre vinculadas a um “SE”
O chefe promete um aumento... se você se dedicar
A mãe promete uma bicicleta no natal... se o filho passar de ano
O noivo promete casar... se até lá essa vontade não mudar, se não conhecerem outras pessoas, e outras surpresas que a vida proporciona.

São planos... não são certezas!
O hoje não é um rascunho do amanhã.

Posso estar equivocada nesta filosofia de vida de ser fiel primeiramente a mim mesma, mas acredito que essa é a melhor maneira de se viver e não se frustrar... porque quando você vive para atender às expectativas de outro, você se frustra quando ninguém dá a mínima para as suas expectativas. E fica um ar de “engano” quando você simplesmente não cumpre o que prometeu... não por maldade, mas por qualquer motivo.

Definitivamente pode não ser um ciclo... um círculo.
Então limite-se a viver um dia de cada vez... com atitudes que refletirão exatamente naquele momento, naquele dia... na sua vida!
Porque podemos nem ter tempo de cumprir aquilo que prometemos... e no fim das contas podemos vir a perceber que houve mais planos e promessas, do que vida!

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre uma dor que vem de dentro...

... me entupi de remédios para dor.

A dor não era física, mas vinha de um vão imenso que acabara de se abrir em meu peito.
Os analgésicos não surtiriam efeito, mas com certeza causariam certo relaxamento muscular que me ajudaria a dormir mais rápido, o que naquele momento era a única coisa que me faria não sentir sua falta... não sentir aquele vão em meu peito... não sentir dor... e faria com que o tempo passasse menos lentamente.

Depois de quase 12 horas daquele feriado, acordei e me dei conta que não adiantaria deixar de viver, porque ainda assim você viveria em mim. Eternamente.

Sem muita escolha, continuei...já que a dor não passaria.

Então mudei os cabelos, o roteiro, a cor do batom e as músicas de melancolia, e fui buscar em outro cheiro inspiração para os meus textos e para a continuidade da minha vida...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Perder o que não tive...


Era definitivamente a única coisa que eu podia saber que era nosso. Que vinha de nós e que eternizaria todos os momentos que vivemos.

A dor de não ter mais, foi maior que o medo de continuar. E eu fui sozinha... e naquele lugar pessoas que não me conheciam perguntaram: cadê ele?

E eu baixinho repliquei pra mim mesma: pois é, cadê ele?

Foi um desespero muito grande não ter com quem partilhar aquele momento único de perda. Aquele momento que não criei sozinha, mas tive que enfrentar sozinha.

Sozinha...

A vontade era de gritar, espernear... chorar não mais, pois não haviam mais lágrimas.

Então, dopada, eu dormi.

Sonolenta, acordei, deixei recados... não tive resposta.

Quando a hora de voltar pra casa chegou eu senti medo. Muito medo.

E se as coisas não estivessem como deixei? E se eu não pudesse mais viver aquele sentimento?

E eu tive tanta certeza. Você compartilhou comigo essa certeza.

Mas ela se foi no momento em que atravessei aquela porta, ainda fraca, abatida e com dor. Com medo, triste e sozinha.

As certezas se foram quando, com a mesma roupa suja de sangue, voltei pra casa, e rasguei toda e qualquer evidencia daquilo que era unicamente nosso.

E nem deu tempo de você saber se queria mesmo...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Siga as marcas de nós dois...

Eu queria que “ficar” fosse simples, como uma conta matemática: eu + você = felicidade.
Mas esse resultado sempre foi uma ilusão ímpar, e eu nunca fui boa em resolver problemas...

Então eu vou partir. Levando comigo um pedaço de nós.

Será um caminho longo, numa estrada sem as luzes que você traz pra minha vida.
Mas vou seguir lentamente, porque eu sei que a cada passo eu vou me lembrar de você.
A cada passo eu vou querer voltar para admirar o seu sorriso e sentir o seu cheiro.
Cada vez que eu olhar pra traz eu vou sentir o seu olhar e vou lembrar dos seus carinhos e dos beijos em minha testa.
Vou parar, ficar um pouco olhando você me pedindo para voltar. Vou lamentar...

Mas eu vou seguir, vou reagir, vou viver.

E desejo que alguém seja para você, o que você foi para mim.
Desejo que a vida lhe dê alegria, sorte e principalmente amor.

E que você sempre se lembre que vou amar você eternamente.
Por isso, se as estradas não te levarem para a felicidade que juntos pudemos experimentar... siga as minhas pegadas... siga as marcas das lágrimas que derramei a cada passo que dei e vi você se distanciando de mim.


Siga as marcas de nós que espalhei propositalmente para quando você decidir, poder se lembrar o porquê de estar voltando... (pra casa, pra mim, pra nós, pra felicidade!)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Libertação...


Preciso me libertar.
Desse vício, dessa vontade louca de você.
Porque a crises de abstinências estão me tornando uma pessoa patética, até.
Por você meus atos são impensados, perco a sanidade e tamanha é minha falta de bom senso, que penso que meus pecados e meus erros não são tão graves assim.
Quanta ironia nessa falsa inocência.

Aí veio alguém e me falou de amor ao próximo.
Me desmontou, né?
Porque debaixo dessa carcaça dura e bruta, às vezes... eu tenho um coração, tão grande que muitas vezes nem cabe em mim.
Coração bom... burro! Cheio de querer saber e entender o certo e o errado...

...

E Deus sabe que eu não fui tão coerente, mas sempre me coloquei em seu lugar. Não desejei que sofresse, não desejei te fazer mal.
E depois de um tempo eu entendi completamente o seu silêncio e sua inércia.
Só não aceitei mais viver assim, a espera de atitudes que não resolveriam a minha vida. Porque o que a resolve são as atitudes que EU tomo acerca dela.
Foi duro esperar e torcer por algo de um e/ou de outro para que a minha vida tomasse um rumo... fosse pro céu, ou pro abismo...
Sofri incessantemente até mais de um mês atrás...
Sim... faz mais de um mês que estou neste dilema.
De céu e inferno.
De certo e errado.
De partir, ficar, voltar...
De razão e emoção.

...

Mas dessa vez EU tomei as rédeas da minha vida, mesmo você pedindo pra eu ficar.
A única coisa que você pode me dar, é exatamente o que não quero mais. Viver em esperança.
Pode mentir, pode espernear, chorar, e fazer aquela cara que me derrete...
Mas se quiser MESMO, sinta, escolha, decida, viva.
E não me venha com essa de confusão, gratidão, dívidas, princípios e costumes...
Quero ouvir você falar em amor.
Este cadê?

...

E quanto a você, de repente posso estar te fazendo mal novamente, em conseqüência de algo que nem pude escolher... Por algo que eu já tinha decidido não mais fazer parte.
Mas que confesso que foi meu sonho a vida inteira...
Também, pudera!
Eu pedi que ele estivesse aqui todos os dias da “nossa” existência.

Agora eu sei... tudo bem... são conseqüências!!!
E não há nada que eu possa fazer para sarar as feridas e remover as cicatrizes...
Que talvez não tenham sido menores que as minhas.

Então pedi baixinho, quase que envergonhada, que Deus pudesse me libertar, e confortar as pessoas que se envolveram nessa. Direta ou indiretamente.
E nesse pedido, inclui um perdão que, além de nunca poder fazê-lo como eu gostaria, sei que jamais receberei.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Continuando...


Ele não enxerga.
E não é pela falta dos óculos...
É porque não querer ver.

... que eu só queria fazê-lo feliz e ser feliz ao teu lado. Nunca a sua frente, ou atrás de você; e isso sempre configurou liberdade, tanto para voltar ou seguir.

E foram tantas idas e vindas, tantos suspiros em vão... tanta perca de fôlego, que meu sistema respiratório também dá sinais de estafa.
Assim como todo meu eu, que cansou e eu enfraqueci.
Ainda mais agora que você veio como um tornado desavisado e tirou tudo do lugar...
E com calma, eu volto a ajeitar tudo.

...

E esse você que existe em mim, também andou se perdendo por aí.
Tentado se encaixar em alguma das imensas frestas do vazio que você deixou, e que estão se multiplicando a cada dia que vivo no seu silêncio.

E hoje doeu tanto. Doeu como há tempos não doía...
Porque decidir é perder um pouco de você a cada dia. É arrancar pedaços da melhor parte de mim.
E isso está sendo um processo doloroso, porque não há tempo para me recuperar.
Você vem todos os dias, todos os segundos...
E eu que nunca acordava de madrugada, venho tendo súbitos flashes de você que me fazem querer ficar acordada...
E isso cansa... porque no outro dia eu tenho que acordar cedo e escolher como dessa vez não vou me lembrar de nada.

Como hoje... que fizemos planos...
O que eu vou encaixar nos teus horários? Pra quem eu ligo nos costumeiros horários que eram dedicados a falar com vc?
Hoje vou retocar a maquiagem e o perfume somente pra mim.
Vou dirigir por um caminho diferente, porque eu estarei indo para um lugar que você não está.
A música não vai ser a mesma...
Vou chegar mais cedo...
Vou beber aquele vinho que comprei para celebrar a nossa união.
Vou tomar um banho ao som daquele CD, com aquele sabonete que tem o cheiro dos “nossos banhos”, e me secar com as toalhas grandes que comprei pra você (como você gosta)
Vou colocar um filme no aparelho novo de DVD, deitar na cama nova que comprei para te receber, com lençóis novos, com 4 travesseiros , e do meu lado, um nada.

E espero viver, seguir, continuar...
E que seja bom para você também.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

- De uma maneira ou de outra,
todos os relacionamentos terminam.
Não existe garantia vitalícia.
É como se recusar a ver o sol nascer
porque você odeia vê-lo se pôr.


(desonheço a autoria)

Histórias...


"Disseram pra mim que essa história não acaba bem, e que o "felizes para sempre" não é de fato um "para sempre". Me disseram também, que era mais fácil eu abandonar, deixar de lado e ver no que dava, só esqueceram de contar com essa ânsia que bate em mim toda vez que sei da tua presença.

Me disseram que o teu "eu te amo" era de faz de conta. Engraçado, quando pequena meu sonho era ser a Branca de Neve. Eu quis acreditar, eu preciso acreditar. E sabe o que foi mais engraçado que me disseram? Que quanto mais alto a gente sonha, maior é o tombo. E que eu ia cair feio, e consequentemente me ferir também. Eles só não contavam com a minha teoria de que a vida não é sobre quão forte você bate e o quão fundo você vai se ferir. A vida é sobre quanta pancada você pode aguentar e ainda assim seguir em frente. Do quão alto você pode cair e do quão perigoso vai ser o tombo, e mesmo assim, levantar. Cair, mas sempre seguir em frente. Foi com isso que eles não contavam, eles não contavam, meu amor, com a minha vontade de ti. Nem eu contava."




Do blog: Mais amor, por favor.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pensando...


Nem ouvir aquela musica fez efeito.
Fiquei tão anestesiada, que preferi desligar o som do carro...
Não ouvia nada mesmo, alem dos meus pensamentos que só me confundem.

Que caminho devo seguir???

Estou seguindo numa estrada onde mais a frente é um precipício...
Ou eu pulo agora, ou eu pulo mais a frente, quando o precipício for inevitável...
Só não é mais possível ficar parada!

A questão é: porque ter medo de cair, se já estou mesmo cambaleando?
A queda vai ser inevitável...
A diferença é: pulo ou me deixo cair???

Escolhas...
nunca lidei bem com isso!

Você vem, me confunde, me ama, me devora... e eu fico assim confusa. Deixo ou não deixo você entrar na minha vida? Deixo ou nao deixo voce continuar na minha vida?

Acredito ou não em você?

De qualquer maneira vou seguir a estrada... e se vc vier me buscar enquanto eu ainda não tiver escolhido...

Seremos felizes, como sempre.

sábado, 26 de junho de 2010

A felicidade às vezes é cara



"... e aquilo que era encanto é substituído pelo tédio, pela mesmice e pela necessidade (necessidade?) de manter as coisas na posição em que sempre estiveram.

Eu acho isso meio triste. Porque a gente se acostuma. E é preciso maturidade (e coragem) para saber e admitir que às vezes vc só queria menos... Menos qualquer coisa. Pra viver melhor, mais feliz.

Talvez as borrachas sejam necessárias quando a gente muda de narrativas na vida.

Às vezes a gente critica e julga muito esposas e/ou maridos que terminam seus relacionamentos quando melhoram em algum "evento" específico. Coloca na boca palavras de julgamento que apontam a desonestidade daquele que "terminou agora que está bem e terminou a faculdade e/ou conseguiu o emprego dos sonhos e/ou qualquer coisa, mas se não fosse o/a fulano/a nunca teria chegado aonde chegou"...

Eu não acredito em contratos vitalícios. Eu não acredito em relações por obrigação, gratidão e/ou conveniência. Eu não respeito e nunca respeitei pessoas em relações de conveniência. E julgo. Mas é preciso coragem para iniciar um processo de autopercepção que entenda que a conveniência é muito mais ampla do que se imagina e pode estar mesmo assentada sobre o conforto de saber que as "coisas" estão sempre à mão com risco de decepção zero."

Trecho retirado do blog Serendipities
http://acasosafortunados.blogspot.com/2010/06/e-foi-entao-que-eu-me-lembrei-desse.html

Se você escolher...

Hoje eu agradeci por você não ter ligado. Nossa! por mais que eu tenha esperado essa ligação o fim de semana inteiro.

Não é justo você jogar tão baixo somente para continuar a me ter do seu lado...
Conveniente, não???

Se vc me ama, escolha. E me convença!

É que você vem, me tira o chão... joga na minha cara tudo que durante estes 3 anos eu sempre quis ouvir, e como eu continuaria se você tivesse insistido nessa história de me dar o mundo e toda felicidade que sempre sonhei?

Justo agora que eu descobri que a felicidade não está em nada, nem em ninguém... percebi que está em cada um de nós.

É preciso ter coragem para certas coisas.
Mas não posso esperar isto de você... que tem um coração enorme e uma "dívida" imaginária, que faz com que você viva a base de demonstrar gratidão... mesmo que desperdiçando vida e jogando fora aquilo que você deseja.

Sinto muito, não posso continuar vivendo pra você enquanto você vive pra outra pessoa.
Não quero viver esperando suas decisões, seus traumas e suas gratidões mal resolvidas.

Amo você. Mais que tudo. Mais que a mim mesma.

Mas não posso continuar...
Apesar de saber que se você não demorar muito, eu vou te esperar pela vida inteira.

Quanto ao nosso filho, não se preocupe. A hora certa vai chegar: a hora que você escolher.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Parabéns! Meu casamento acabou


Cara Marcella,

Daria tudo para ver a sua cara ao encontrar este e-mail entre os vários que meu marido escreve para você. Não me interprete mal; não estou escrevendo para provocar - nem criar caso. Quero apenas ser a primeira a dar uma notícia do seu interesse, e como sei que vive conectada à internet... A menos que o André já esteja aí e tenha estragado a minha surpresa. Ele me disse que ia para um flat, mas você sabe tanto quanto eu (talvez até melhor) que não seria a primeira mentira que ele me conta. Garanto, porém, que será a última. A notícia é justamente esta: acabo de colocar meu marido porta afora, com malas e tudo. Sem volta. De modo que vocês não precisam mais fazer malabarismos para evitar que eu descubra o que já sei há quase um ano. De modo também que, se eu fosse você (e, acredite, houve época em que ser você era o que eu mais queria), começaria a me preocupar se ele demorar a aparecer.

Mas vai aparecer, sim. Porque agora você é tudo o que ele tem. Pela primeira vez, vai bater na sua porta não por excesso de tesão; será por falta de opção. E eu queria que você soubesse disso. Passei o diabo por sua causa e não vou permitir que sinta o gostinho de imaginar que venceu. No final das contas, sempre foi isso, não é? Uma competição entre nós duas. O mais irônico é que o "prêmio" nem é lá essas coisas. Acredita que o desgraçado ensaiou pedir perdão, jurando que o caso de vocês não era nada sério? E olha que não cobrei explicações. Nem ameacei impedi-lo de ver a filha. Só mandei que saísse da minha vida.

Precisava ver o estado em que o André ficou quando chegou em casa hoje e encontrou as malas na porta. Nunca havia passado pela cabeça dele a possibilidade de que eu desconfiasse de algo. Menos ainda de ser dispensado. E daquela forma. Ficou tão desnorteado que me acusou de traição por tramar tudo pelas costas dele. O cínico transava com você e a traidora era eu! Pela primeira vez depois desse tempo todo, tive vontade de rir. Lá estava o infiel, chapado com a descoberta de que tinha sido enganado. Prova de que sou muito mais competente na arte de dissimular. Só eu sei o esforço que isso me custou. Mas, lamentações à parte, foi um alívio colocar um ponto final na situação.

Nunca mais vou olhar para o meu marido imaginando se hoje é o dia em que vai abrir o jogo e acabar com o nosso casamento. Nunca mais vou ter a sensação de ser inadequada, errada, pouca coisa. Nunca mais vou sentir seu detestável cheiro almiscarado entranhado na pele e nas camisas dele. É, foi o perfume que me alertou. Sempre o mesmo, sempre nos dias em que chegava em casa mais tarde, sempre nos mesmos dias da semana. Depois, a desconfiança me fez vasculhar o computador dele e encontrei suas mensagens. Era o único programa protegido. Não tive dificuldade para descobrir a senha, mas fiquei chocada: o filho-da-mãe usou a data do nascimento da nossa filha!

Tenho de admitir: ele foi bom de serviço. Fora o maldito perfume, não deu nenhuma bandeira. Mas, depois que tive acesso à correspondência de vocês, acompanhei cada encontro, como se estivéssemos os três na mesma cama. Sabe "o lugar de sempre" de que você falava nas mensagens? Eu estive lá. Segui o André. Foi a primeira vez que vi a tal de "sua Marcella" que assombrava meus dias e principalmente minhas noites. Estacionei do outro lado da rua e esperei vocês saírem: duas horas e 35 minutos contados no relógio. Depois que foram embora, entrei. Quando viu que eu estava sozinha, a caixa do motel me olhou como se eu fosse alguma depravada. E naquele momento era mesmo. Havia algo de doentio na minha necessidade de ver o cenário da traição. Sabia que seria coincidência demais ela me dar a chave do mesmo quarto, mas nem precisou. Pela suíte que vi, constatei que o motel era bem mais refinado do que aquele que freqüentávamos no auge do namoro.

Humilhante, não é? Fiz mais. Lembra-se de uma Cecília Matos que ligou para a seguradora em que você trabalha marcando uma entrevista e nunca apareceu? Foi só para ouvir a voz da vagabunda que estava tentando roubar o meu marido. Só que você não tinha voz de vagabunda. E me pareceu muito competente. Entrei em parafuso. O André não estava de caso com uma qualquer. A partir daquele dia, segui você - e não só quando estava acompanhada dele. Sei quem são e onde moram seus amigos, a tia querida, até o seu analista. Não me orgulho disso, mas também não me envergonho. Hoje, que tirei o dia de folga só para arrumar as malas do homem com quem vivi sete anos, tinha certeza de estar fazendo a coisa certa. E, de uma forma oblíqua, me vingando.

Não sei nem quero saber o que o André vai contar no seu ouvido. Seja lá o que for, aposto que acreditará na minha versão da história. Afinal, eu sou, sem a menor sombra de dúvida, bem mais confiável do que ele. Sinto falar assim do homem que você ama, mas nós duas sabemos (embora você talvez ainda não queira admitir) que se trata de um canalha. Nada mais explica ter mantido uma vida dupla por tanto tempo. Tentei achar outros motivos - afinal, ele também era o homem que eu amava. Acreditei que a culpa era minha. Fiz a mim mesma um milhão de vezes a clássica pergunta: o que a amante dele tem que eu não tenho? Fora cinco anos a menos e um corpo um pouco mais firme à custa de musculação, não encontrei nenhuma vantagem evidente. Somos até parecidas. Não apenas fisicamente. Como você, sou uma profissional bem-sucedida. Tenho muito a oferecer a um homem. Inclusive na cama. Embora essa tenha sido a dúvida que mais me atormentou no começo.

O que será que você fazia de tão especial? Quase surtei pensando nisso. Não parava de me lembrar de uma colega da faculdade. Comentava-se que ela tinha orgasmos múltiplos em todas as transas! Ficava imaginando uma cena assim com você e o André, e quem perdia o fôlego era eu. Sentia como se eu fosse morrer. De inveja, de frustração, de humilhação. Felizmente, essa fase de ciúme delirante durou pouco. Foi substituída por um ódio cego, desejo de vingança e, finalmente, lucidez. Se ganhei alguma coisa além de cabelos brancos e um princípio de úlcera nervosa por causa do longo caso de vocês, foi isto: tempo para ir ao fundo do poço e voltar. Compreendi que não se tratava do que você tinha e eu não, mas do que eu tinha e você não. E eu tinha um marido, uma casa e uma criança de 3 anos; uma imagem de porto seguro. Atraente, porém menos excitante.

Acabei chegando à conclusão de que o André nos enganava. Nunca pretendeu escolher. E por quê? Tinha o melhor das duas. Por ele, arrastaria a situação indefinidamente. Pior: se fosse pressionado, ficaria comigo. E gosto demais de mim mesma para aceitar uma coisa dessas. Foi por isso que o coloquei porta afora. Por ironia, ele agora é o único que não tem escolha. Quando bater aí, você pode ou não abrir a porta que eu fechei. Não sei qual das opções me daria mais prazer. Enfim, o problema é seu...

Adeus para você também,

Patricia

FONTE: NOVA - http://nova.abril.com.br/edicoes/384/aberto/amor_sexo/conteudo_89141.shtml?pagina1