terça-feira, 8 de junho de 2010

Uma vida em nossas vidas

“Passaram-se três dias. Já era anormal este prazo.
Eu tinha uma esperança alegre... um sentimento bom. Algo quente e gostoso tomava conta de mim. Os sorrisos eram tão fáceis...
Ele tremia, tinha medo, mas estava ansioso e feliz.
Então decidimos averiguar.

A surpresa foi inexplicável. E aquela esperança foi substituída pela dúvida, que por si só já era triste, mas não definitiva.
E eu queria a certeza.

Já eram 4 semanas daquele maio de 2010.
Dois meses.
Ficamos encantados e então “grávidos” juntos.

Foi a maior perplexidade da minha vida, ver duas listras azuis se formando no teste.
Olhei por mais de cinqüenta vezes aquele resultado.
Não havia dúvida triste, nem certeza encantadora. Já havia amor. Incrivelmente já amávamos, conversávamos e sentíamos um ser que a gente nem conhecia.

Marcamos o primeiro ultrassom.
Naquele dia soubemos que o embrião media 4mm. Nosso filho já estava ocupando seu espaço em nossas vidas, em meu corpo e no mundo. Estava ganhando forma, presença e todo nosso amor.

Passamos horas imaginando seus cabelos, seu tom de pele, seus olhinhos, com quem será parecido (eu torço para que seja a cara dele!). Torcemos MUITO para que seja perfeitinho.
Descobrimos uma capacidade de sentir todas as emoções em segundos.
Impossível de descrever. Apenas vive-se.

Recebemos o primeiro presentinho: um par de sapatinhos amarelos de lã.
Quanta emoção. Vi seus olhos se encherem de ternura e de lágrimas.
Passei a tomar o maior cuidado na hora de escovar os dentes, pois os enjôos são muito fortes.
Parei de fumar, de beber, de pintar as unhas e fazer escova progressiva (buáaaaaa).
Sinto muito sono.
E a cada dia penso “qual vai ser a sensação de hoje?”
Multipliquei o número de travesseiros na cama.
Tenho ataques de faxina: jogar fora coisas velhas e arrumar as coisas para receber o nosso bebê.
Imagino-me enorme de tão barriguda.
Não vejo a hora de senti-lo mexer.
Ao mesmo tempo em que passo horas no shopping olhando a beleza das roupinhas e sapatinhos, que me encanto com a quantidade de ‘coisas’ para bebês, me assusto com os preços de todas estas praticidades, necessidades e luxos. E mais ainda por saber que muitas delas temos que adquirir.
Pensamos na cadeirinha pra colocar no carro. E eu só via rosa... porque sinto que é uma menina.
Temos que abrir espaços: no corpo, na casa, na cabeça, na rotina, para que neles caiba um novo ser…

Mariana ou Alice?
Rodrigo ou Eduardo?

Sempre sonhei em ser mãe... e ele seria um perfeito pai, sem sombra de dúvidas.
O seu jeito com crianças, sempre compreendido por elas, sempre amável e amado. Nasceu para ser pai. E fica muito mais interessante quando visto como “o pai do meu filho”. E preciso de sua mão quentinha sob minha barriga.

Estar grávida é ter esperança de um mundo melhor. E ter que se adaptar.

Agora seria pra nós, por nós.
E era lindo pensar que agora
não era mais “ele + eu”.
A expressão era: “nós três”
(três, pq no ultrassom mostrou apenas 1 bebê... rs)
Já uma família.”


Pra você, Priscila.

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